Aminoácidos

Os aminoácidos (AAs) são moléculas compostas por um radical amino (NH2), um radical ácido orgânico (COOH) e uma cadeia lateral, cujas propriedades lhes darão suas características particulares. Estas moléculas podem se unir através de cadeias e combinações químicas, produzindo estruturas protéicas, daí a famosa afirmação de que os AAs são os blocos formadores de proteínas. Ao todo existem 20 espécies básicas de aminoácidos, dentre os quais nove (Isoleucina, Leucina, Valina, Histadina, Lisina, Metionina, Fenilalanina, Treonina e Triptofano) são considerados essenciais e devem ser obtidos pela alimentação, pois nosso corpo não é capaz de produzi-los. Todas as proteínas encontradas em nosso corpo (tecidos, enzimas, alguns hormônios....) são combinações destes 20 aminoácidos e seus derivados.


A síntese protéica é a função mais importante dos aminoácidos, portanto entender este processo é essencial para o que os possíveis mecanismos de atuação dos AAs fiquem claros. A seguir serão explicadas de maneira resumida as etapas da síntese protéica, ilustrada na figura abaixo:

Transcrição

1.No núcleo, ocorre a transcrição de RNAs (RNAm, RNAt, RNAr) a partir de locais específicos do DNA.

2.Este RNAm sai do núcleo e migra para o citoplasma, onde outro tipo de RNA, o RNAt, se une a aminoácidos específicos.

3.Em seguida o RNAm liga-se a seqüências codificadas de três nucleotídeos, chamada códon. Cada códon possui a codificação para um tipo de aminoácido.

4.O ribossomo une-se ao RNAm pelo códon inicial.

Translação (alongamento)

5.No ribossomo as seqüências de códons são convertidas em seqüências de aminoácidos, trazidos pelo RNAt. Os aminoácidos são ligados aos anteriores quando os anticodons dos RNAt estão sobre os códons do RNAm. Agora os aminoácidos são traduzidos como cadeias polipeptídicas, ditadas pelo DNA e representadas pelo RNAm. Nesta etapa, o ribossomo desliza junto com a cadeia polipetídica recém formada sobre o RNAm na medida em que os códons são preenchidos, passando para o códon seguinte (ver figuras abaixo).

6.No final do processo, um fator liberador se liga ao último códon, liberando a cadeia polipeptídica do ribossomo.

Os aminoácidos também podem ter funções específicas, podendo atuar como neurotransmissores, sendo liberados pelas células nervosas com a função de alterar o comportamento de determinado ambiente, pode-se citar a glicina, GABA e dopamina. Outros, como a histamina, são mediadores de reações alérgicas. Há também a Tiroxina, hormônio da tireóide que controla o metabolismo (VOET & VOET, 2000).

Além de aproveitados em sua forma original, há a possibilidade dos aminoácidos terem sua estrutura modifica e usados como energia ou armazenados de outras maneiras (gordura e glicogênio). Sempre é bom ressaltar que o nosso corpo não armazena aminoácidos como tal, sendo assim o excesso será convertido em outras substâncias como a Acetil-CoA, as quais recebem o nome de "produtos comuns" devido a possibilidade de serem obtidos através de todos os macronutrientes. Note-se que a Acetil-CoA entra no processo de fornecimento de energia, e é também a partir dela que são sintetizados os ácidos graxos (componentes das gorduras).

A utilização inadequada de aminoácidos pode levar a duas possíveis reações:

- Degradação: para que sejam gerados os produtos comuns, principalmente a Acetil-CoA, é necessária a retirada do nitrogênio, átomo presente nos aminoácidos que não se encontra nem na glicose nem nos ácidos graxos. Estes possuem apenas carbono, hidrogênio e oxigênio. Tal processo ocorre no fígado e recebe o nome de desaminação. O nitrogênio retirado sai como amônia (NH3) e em seguida é eliminado pelos rins sob a forma de uréia. Por este motivo, se supõe que ingestões muito elevadas de proteínas (e aminoácidos) possam levar a sobrecargas de rins e fígados em pessoas predispostas.

- Armazenamento: os subprodutos da desaminação podem ser usados também na síntese de outros tecidos, como gordura e glicogênio, dependendo do resultado proveniente da via catabólica. Existem aminoácidos que são puramente cetogênicos (convertidos em gorduras), porém a maioria é puramente glicogênica (convertidos em precursores de glicose), com alguns tendo ambas as propriedades. Perceba que o excesso de aminoácidos pode levar ao acúmulo de gordura, ao contrário do que muita gente pensa.

A grande vantagem dos suplementos de aminoácidos sobre os alimentos em geral, e alguns suplementos, é sua alta qualidade e disponibilidade biológica. A qualidade da proteína é determinada pela sua proporção e quantidade de aminoácidos e pela forma como eles se encontram (são necessárias boas quantidades de aminoácidos essenciais, além dos não-eesenciais). Também é importante que tenham fácil digestão e absorção, as mais recomendadas seriam as formas puras, os di e os tri-peptídeos (união de dois e três aminoácidos, respectivamente), devido a sua facilidade e rapidez de absorção pelas paredes do intestino, ficando disponíveis na circulação em curto período de tempo para aproveitamento nas reações anabólicas.

Por ter participação direta nos processos anabólicos, os aminoácidos receberam grande atenção, ainda hoje se supõe que sua suplementação leva necessariamente à maior hipertrofia muscular por fornecer a matéria-prima à síntese protéica, porém nosso corpo não responde de maneira tão simples, os aminoácidos devem ser suplementados na hora e quantidade certa. Para obter mais informações sobre a suplementação de aminoácidos e proteínas leia o artigo sobre ingestão de proteínas

Por Paulo Gentil



Referência bibliográficas

GHORAYEB, N & BARROS, T. O Exercício. São Paulo, Editora Atheneu, 1999.
GUYTON,AC & HALL, JE. Textbook of Medical Physiology.10ª edição. Philadelphia, W.B. Saunders Company, 2000.
McARDLE, WD; KATCH, FI; KATCH VL. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 3ª edição. Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 1991.
VOET, D & VOET, J.G. Biochemistry. 2ª edição. New York, John Wiley & Sons Inc., 1995

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