Repetições até a fadiga muscular

Muitas pessoas já me perguntaram como devemos fazer as séries de exercícios com pesos, principalmente se devemos fazer uma série de um determinado exercício até a fadiga muscular. Recentemente, um aluno meu do curso de Educação Física fez a mesma pergunta: “Professor, devemos fazer séries até a fadiga, principalmente quando visamos a hipertrofia muscular?”

Eu respondi que não, não devemos realizar séries até a fadiga muscular. Mas porque eu defendo essa idéia?

Quando realizamos testes de carga (seja o teste de 1 RM, ou o teste de repetições máximas) nós usamos esses valores para prescrever uma programação/periodização de treinamento, não é? E através dessa programação nós conseguimos controlar o treinamento de nossos alunos ou atletas. A palavra chave da minha defesa é essa – CONTROLE DO TREINAMENTO!!!!

Quando o praticante está fazendo uma sessão de treinamento, e naquele dia está sendo pedido que ele realize 2 séries de 8 repetições a 90% , significa que (pelo menos é o que deveria acontecer) está programado a partir de testes realizados anteriormente, não é? Por que quando dizemos para fazer uma sessão a 90% significa que sabemos quanto é 100%, e só conseguimos saber esse percentual porque realizamos baterias de testes (creio eu....).

E se você realizar séries sempre até a fadiga, você nunca sabe quantas repetições será possível de ser completada!!! E a melhor forma de saber se você está errando ou acertando é quantificando seu treinamento através do número de séries e repetições.

Exemplo:

Um atleta realizou duas semanas de treinamento, onde só interromperia uma determinada série de treinamento quando da sensação de fadiga muscular. Mas você pode estar se perguntando agora: - Mas qual é o problema de adotar essa estratégia como forma de treinamento?

Eu respondo baseado em dois aspectos muito importantes:

1 - Quando você realiza séries até a fadiga muscular (ou exaustão muscular – não estamos agora querendo discutir se o termo mais correto é fadiga ou exaustão muscular, vamos deixar essa discussão para uma próxima oportunidade), quer dizer que para se chegar a esse ponto, com certeza você executou algumas repetições sem nenhum primor técnico e mais ainda, para conseguir as últimas repetições até a exaustão muscular, com certeza, foram recrutadas fibras musculares de uma forma que normalmente não são recrutadas, e isso desencadeia outros dois fatores:

Podendo levar a lesão;

Não está sendo recrutado o grupo muscular específico para a realização daquele movimento devido às altas cargas aplicadas, fazendo com que grupo em questão não seja recrutado da forma como deveria ser. Lembre-se disso: aumentar o trabalho em um determinado grupo muscular, não precisa necessariamente aumentar demasiadamente a carga de treinamento!!

2 - Finalizando, quando não se controla a carga de treinamento, fica difícil periodizar o mesmo, fazendo com que seja cada vez mais complexo a organização e planificação do treinamento ao longo de vários meses, anos de treinamento.

Pense nisso e bons treinos!!


Por: Prof. Ms. Fabiano Peres
Mestre em Educação Física pela UNIMEP.
Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP.
Graduado em Educação Física pela UNESP.
Professor e coordenador do curso de Educação Física da Universidade São Francisco (USF) - campus de Bragança Paulista.
Membro do American College of Sports Medicine
Contato: fabiano.peres@saofrancisco.edu.br
personalgoiano@gmail.com

5 comentários:

  1. O autor não indica qual o malefício de se treinar até a falha, quando a imensa maioria dos estudos indicam benefícios em força e hipertrofia no treinamento até a falha muscular momentânea.

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  2. Fantástico comentário. Não sabemos se o treino está adequado em DIFICULDADE E PROGRESSO, se não deixarmos livre uma variável apenas e fixarmos todas as outras. Ou seja, não adianta mudarmos todas as variáveis ao mesmo tempo (carga, repetições, paciência com a dor, intervalo do treino, etc), senão não atingiremos objetivo, ou o alcançaremos em tempo muito longo.

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  3. Logicamente devemos respeitar a individualidade para a prescrição de um treinamento, mais não se pode dizer com absoluta certeza que isso ou aquilo é melhor, testes de 1 rm são difíceis de serem realizados, pricipalmente para os pobres dos instrutores que muitas vezes se encontram em uma sala cheia de alunos, estes testes também tem seus valores altgerados constantemente, devido a adaptaçào de diversos fatores que alteram o desempenho do aluno conforme o tempo vai passando, o sistema de falha só deve ser aplicado com total controle dos fatores intensidade volume do treino, e não se aconselha sua aplicaçào por um período muito longo. Exaustão ou falha/fadiga total seria um exercício sendo aplicado até a falha concêntrica, excêntrica e estática do músculo atuante, o que poucos tem condições de realizar, mais alcançar a falha concêntrica significa uma diminuição de unidades motoras sendo recrutadas, e não uma fadiga absurda, que irá lesionar ou coisa parecida, devemos lembrar que músculo não sabe contar ele só sabe sentir!

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  4. É a decadencia do ensino superior nesse país, cada vez nos mostrando mais a cara... Lastimável..

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  5. Desculpe mas eu vejo minha evolução na fadiga.

    Exemplo semana passada treinei peito e faco todo exercicio ate a fadiga momentanea, e no supino declinado coloco 60kg "aquecimento" depois 70kg e depois a ultima com 80kg mas so consiguia 4 repetições agora ja estou fazendo 6 quando chegar a fazer 12 repetições e com total controle sobre o peso é que eu mudo a carga..

    Faço esse esquema para todo exercicios que uso. E ouve um grande desenvolvimento muscular nao agora exuberante mas algo sentido..

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