É senso comum afirmar que a atividade física regular promove a melhoria de inúmeras funções corporais, e que o desenvolvimento destas funções está relacionado à longevidade.
Entretanto, existem diferenças entre a atividade física regular (saudável) e o exercício físico realizado de forma intensa e extenuante. Este, por aumentar exponencialmente os processos metabólicos, promove o estresse oxidativo1 e acelera o envelhecimento celular.
O metabolismo aeróbico elevado durante o exercício faz aumentar a produção de radicais livres2. Estes, em situações normais, não produzem efeito negativo sobre as células, dado que o organismo possui um sistema de defesa antioxidante capaz de coibir o efeito oxidativo dos RL. Entretanto, quando a produção de radicais excede os níveis normais e supera o sistema bioquímico protetor, o organismo é induzido a um excesso de oxidação (estresse oxidativo).
A presença de radicais livres formados durante a respiração celular normal é a maior causa de modificação oxidativa do DNA. O estresse oxidativo ao DNA causado por exercício extenuante aponta para risco de desenvolvimento de câncer e de envelhecimento prematuro. Assim sendo, quanto mais intenso for o exercício, maior será a produção de radicais livres e maior será a oxidação, de tal forma que a defesa antioxidante não será capaz de deter os danos celulares.
O sistema de defesa antioxidante conta de enzimas antioxidantes, proteínas que podem quelar metais, vitaminas e alguns minerais. Dentre esses destaca-se a Vitamina E, que por ser lipossolúvel, desempenha um papel de pivô nessa defesa pela inserção nas membranas e por quebrar a reação química, que ocorre em cadeia, da peroxidação lipídica3. A vitamina E é uma molécula com uma cabeça trimetil-hidroquinona e uma cadeia lateral de diterpenóide. A cadeia lateral parece estar associada com a habilidade da vitamina em se inserir na porção hidrofóbica da membrana.
Porém, nem sempre as defesas antioxidantes são suficientes para impedir que o organismo entre em processo de oxidação. Deve-se considerar também, que vários são os mecanismos que podem levar ao estresse oxidativo, dentre eles:
- Tabagismo;
- Estresse;
- Álcool;
- Radiação;
- Drogas;
- Transplante;
- Traumas/Inflamações e Infecções.
Contudo, deve-se lembrar que a formação de radicais livres no metabolismo é absolutamente normal. Pode-se dizer que cerca de 4 a 5% do oxigênio respirado é utilizado na formação desses radicais. E, seu funcionamento no corpo não é integralmente maléfico. O organismo aproveita seu potencial destrutivo para, além de se proteger contra bactérias e outros microorganismos invasores, utilizar o potencial oxidativo para extrair maior quantidade de energia do metabolismo dos alimentos.
O grande problema ocorre quando sua formação sobrepuja, como dito anteriormente, os mecanismos de defesa (o que acontece durante a atividade física extenuante), ocorrendo assim uma oxidação maior que a normal. Este estresse oxidativo causa lesões ao DNA e em outras estruturas das próprias células, fenômeno causador de doenças e relacionado com o processo de envelhecimento. Algumas doenças induzidas pelo estresse oxidativo são:
- Doença coronariana;
- Doença perivascular;
- Catarata;
- Reperfusão Isquêmica;
- Câncer;
- Hipertensão;
- Síndrome de dificuldade respiratória em adultos;
Além destas, estão relacionadas também outras doenças associadas ao envelhecimento, como atrite reumatóide, doenças neurodegenerativas e doenças de pele relacionadas à fotossensibilizantes.
Todavia, a atividade física regular e de intensidade adequada à níveis moderados, além de agir beneficamente sobre estas doenças e síndromes, proporciona um aumento das defesas antioxidantes do organismo, principalmente quando relacionadas à administração de antioxidantes (vitamina E, por exemplo). Verificou-se que o exercício físico de intensidade moderada aumenta a atividade do superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase (enzimas antioxidantes) nas plaquetas sanguíneas além de diminuir as concentrações de tromboxano e malondialdeído (indicadores de lesão oxidativa). Isto sugere que a atividade física adequada desenvolve o potencial antioxidante do organismo e auxilia na prevenção das doenças relacionadas ao estresse oxidativo.
1 – Estresse Oxidativo: reação em cadeia decorrente da emissão excessiva de radicais livres de oxigênio.
2 – Radical Livre: é um átomo ou molécula com um elétron sem par na camada mais externa.
3 – Peroxidação Lipídica: oxidação da camada lipídica da célula mediada pelos radicais livres.
Por Matheus Uba ChupelPor Matheus Uba Chupel (matheusuba@hotmail.com)
Graduado em Educação Física - Universidade do Contestado - Mafra/SC - 2007
Pós-Graduado em Fisiologia do Exercício Aplicado à Saúde - Universidade do Vale do Iguaçu - União da Vitória/PR - 2008
Pós-Graduado em Fisiologia do Treinamento Desportivo - Universidade do Vale do Iguaçu - União da Vitória/PR - 2008
Avaliador Físico e Professor de Educação Física - Três Barras/SC
Referencial:
* UBA CHUPEL, Matheus. O Exercício Físico e os Radicais Livres – Mecanismo de Formação e Adaptação ao Estresse Oxidativo. Monografia de Pós Graduação em Fisiologia do Exercício. Uniguaçu – União da Vitória – PR, 2010.
* GHORAYEB, Nabyl. DIOGUARDI, Guiseppe. Tratado de Cardiologia do Exercício e do Esporte. Editora Atheneu, 2006.
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