Atividade física e varizes

As doenças vasculares periféricas (DVP) envolvem um grupo de doenças crônico degenerativas e síndromes que afetam os sistemas arteriais, venosos e linfáticos, como resultado de anormalidades funcionais e/ou estruturais (1, 3). Caracterizando-se como um problema de circulação que provoca estreitamento, obstrução, ou ambos, dos vasos que conduzem o sangue ou a linfa para braços e pernas, prejudicando o fluxo normal (1,2). Desta forma, a troca de material entre o sangue e os tecidos, o fornecimento de nutrientes, a remoção de produtos do metabolismo, a defesa e o reparo de tecidos fica comprometida (5), refletindo na saúde e qualidade de vida das pessoas.

Fatores de risco

Pessoas acima dos cinqüenta anos, do sexo feminino e que apresentam histórico familiar de DVP, são mais suscetíveis ao aparecimento e desenvolvimento destas doenças (1). Estes fatores não são passíveis de mudança, sendo classificados como fatores de risco fixos.

Entretanto, a maior parte dos fatores de risco das DVPs, apresenta grande possibilidade de intervenção preventiva ou terapêutica. Notem, por exemplo, que os países industrializados e os em desenvolvimento são campeões em prevalência de DVP (1,3), demonstrando que o estilo de vida da maioria das pessoas por si só, já é potencialmente um fator de risco. Inclui-se nestes fatores chamados modificáveis: o tabagismo, o estresse, o sedentarismo, a hipertensão, a diabetes mal controlada, a obesidade e outras doenças cardiovasculares (1,6).

Mudanças nos hábitos de vida, entre eles a inclusão de um programa de atividade física de forma cotidiana e duradoura, podem reduzir todos os fatores de risco modificáveis, além de melhorar o estado de saúde geral e a qualidade de vida de pessoas portadoras de DVP.


Fatores de risco
Fixos     Modificáveis
Sexo
Idade
Hereditariedade
   
Tabagismo
Dislipdemia
Sedentarismo e estresse
Hipertensão
Diabetes
Obesidade
Outras doenças cardiovasculares

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas mais comuns das DVP são: câimbra, cansaço, dores, alteração da temperatura ou da cor da pele, feridas (lesões tróficas), surgimento de varizes ou veias dilatadas, edemas e tromboses. Entretando alguns portadores destas doenças são assintomáticos, o que torna a atenção dada ao tratamento e diagnóstico ainda mais necessário, uma vez que estas estão grandemente associadas a um aumento no risco de lesões, amputação de membros e morbidade (1,6).

Para se diagnosticar as DVP, são normalmente combinados dois ou mais procedimentos, como informações sobre histórico familiar e pessoal de saúde, índice de pressão sistólica tornozelo-braço (determinado pelo Doppler-ultra-som), medidas de desempenho físico e análise sanguínea do perfil lipídico e de glicemia (1).

Atividade física como forma de tratamento

Normalmente as DVP são tratadas com medicação, que visa melhorar o fluxo sanguíneo como, por exemplo, a aspirina e/ou cirurgia, que compromete a autonomia dos pacientes e eleva os custos com saúde pública, além de apresentarem sucesso de forma apenas temporária (1).

Por outro lado, os exercícios físicos atuam na prevenção e no tratamento das DVP, minimizando os sintomas da doença, e interferindo nos fatores de risco modificáveis, causando alterações morfológicas e funcionais positivas, além de praticamente não apresentarem custos (1). Os efeitos advindos da atividade física irão depender do tipo de atividade, sua duração e sua intensidade (4).

A intervenção dietética também deve ser considerada, uma vez que além de potencialmente influenciar em alguns fatores de risco modificáveis, a baixa ingestão de cobre, por exemplo, está associada ao mau funcionamento do sistema cardiovascular (5).

Exercícios aeróbios e de musculação, devem ser muito bem pensados e prescritos, principalmente em indivíduos sedentários, uma vez que seus reflexos na circulação sanguínea, levando em consideração a atividade, a intensidade, e a duração, podem ou não debilitar ainda mais um sistema já fragilizado (4). As recomendações quanto ao modo de progressão nos exercícios, não está claramente descrita, dependendo em grande parte da percepção individual de bem estar do indivíduo e da experiência do profissional que supervisiona os exercícios (1). Exercícios em meio líquido podem ser boas estratégias, sobretudo pela melhora do fluxo sanguíneo e possível redução de edemas (1).


Benefícios com a prática da atividade física
Fluxo sanguíneo periférico     Melhora
Viscosidade sanguínea     Redução
Metabolismo músculo-esquelético     Melhora
Sintomas de dor     Redução
Alguns fatores de risco cardiovascular     Redução
Percepção de bem estar     Aumento
Qualidade de vida     Aumento

Conclusão

Cada vez mais nos mostra a ciência que bons hábitos de vida – incluindo boa alimentação, atividade física regular, combate ao tabagismo e ao estresse – além de agirem como profilaxia para diversos males, serve de ótima estratégia para a melhora da saúde e da vida das pessoas.

Portadores de DVP podem se beneficiar tanto de exercícios aeróbios quanto de exercícios de força, que melhorem e estejam diretamente ligados as atividades de vida diária. Nunca é demais ressaltar que o treinamento físico deve melhorar o estado funcional do indivíduo, melhorando sua capacidade física para a vida, da forma mais abrangente possível, sem limitar seus interesses e reais necessidades.


Por Vandeir Gonçalves


Referências Bibliográficas

(1) SILVA, Daniela Karina & NAHAS, Markus Vinícius. Prescrição de exercícios físicos para pessoas com doença vascular periférica revista brasileira de ciência e movimento vol. 10, Nº 1 pp. 55-61, 2002.

(2) NICOLAIDES, A. N.; investigation of chronic venous insufficiency. A consensus statement. Circulation, 2000 (abstract).

(3) MONOS, E., BERCZI, V. & NADASY, G.; local control of veins: biomechanical, metabolic, and humoral aspects. Physiological reviews, vol 75, 611-666, 1995 (abstract).

(4) CADROY, YVES, FABIEN PILLARD, KJELL S., SAKARIASSEN, CLAIRE THALAMAS, BERNARD BONEU, AND DANIEL RIVIERE. Strenuous but not moderate exercise increases the thrombotic tendency in healthy sedentary male volunteers. J. appl. Physiol. Nº 93 pp. 829-833, 2002.

(5) SCHUSCHKE, Dale A.; dietary copper in the physiology of the microcirculation. The journal of nutrition Vol. 127, Nº 12, pp. 2274-2281, 1997.

(6) LOZANO, P.; COROMINAS, C.; GÓMEZ, F. T.; MANUEL E.; JÚLIA J.; evolucíon natural de la isquemia crítica de los miembros inferiores. Angiologia 2003.

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