Consumo calórico e protéico de atletas de força

O treinamento de força é indicado para aumentar a força, hipertrofia, resistência, potência muscular e melhora na qualidade de vida (ACSM, 2002). Desta forma, tem um papel relevante no sistema neuromuscular, cardiovascular e metabólico sendo necessário a utilização de sobrecargas na prescrição do treinamento, com objetivo de melhorar o desempenho físico associado ao aumento da força e potência muscular (BIRD, TARPENNING e MARINO, 2005). No entanto, exercícios com pesos se referem a uma modalidade de atividade física sistematizada, composta de variáveis (volume, intensidade, freqüência, duração, recuperação, ordem dos exercícios, equipamentos e tipo de treinamento) que precisam ser bem controladas, para que possam produzir efeitos benéficos, inclusive controle em uma alimentação balanceada.

A alimentação de um atleta de força necessita de um planejamento alimentar adequado, no qual diversos fatores devem ser considerados, dentre eles a adequação energética da dieta, a distribuição dos macronutrientes e o fornecimento de quantidades adequadas de vitaminas e minerais.

Praticantes de exercícios de força, principalmente aqueles que treinam com regularidade, têm como objetivo central buscar a definição muscular e a hipertrofia, fatores que levam estes atletas a combinarem uma dieta seletiva com o treinamento de força, buscando a maximização muscular e um reduzido percentual de gordura corporal. Entretanto, é comum nestes indivíduos a utilização de altas doses de proteínas a fim de manter o balanço nitrogenado positivo e conseqüente anabolismo muscular (SILVA, TRINDADE e DE ROSE, 2003).

O consumo aumentado de proteínas pode indicar uma maior retenção de nitrogênio no balanço nitrogenado, porém não indica um aumento na massa muscular caso não seja acompanhado de um balanço energético positivo, erro comum verificado na maioria dos atletas de força que restringem o consumo energético em detrimento ao consumo excessivo de proteínas (TRIPTON e WOLFE, 2004).

Esta conduta ao longo do tempo pode resultar em perda de massa muscular, aumento do risco de fadiga, danos renais, perdas de cálcio urinário entre outras. Quando ocorre a ingestão excessiva de proteínas, o organismo diminui o fornecimento energético pelos outros nutrientes, utilizando a própria proteína para produção energética, processo que induz um elevado custo metabólico ao organismo e implica em sobrecarga orgânica, principalmente renal, que leva a esclerose glomerular (LANCHA JÚNIOR, 2004).

A literatura revela um aspecto polêmico quando se trata do consumo protéico em atletas. Bohe et al (2005) ressaltam que atletas de atividade de força devam ingerir maior quantidade de proteínas que indivíduos normais, justificando que nestes atletas há um aumento da captação de aminoácidos pelo estímulo hipertrófico deste tipo de exercício e que dietas hiperprotéicas aumentam a síntese protéica por aumentar a disponibilidade do sistema aminoacídico, que é um potente estímulo para a síntese protéica muscular. Já Phillips (2004) relata que as evidências de que atletas devem ingerir mais proteínas do que indivíduos sedentários não são totalmente verdadeiras, pois com a prática de exercícios, a utilização de proteínas está potencializada e por isto, o aumento no consumo de proteínas se torna desnecessário.

Os atletas de força aumentam sua ingestão protéica, em relação aos indivíduos sedentários, não devido a razões relacionadas ao uso protéico para fins energéticos e sim, para manter o balanço nitrogenado positivo. Porém, existem algumas situações que atletas têm dificuldade em alcançar esta recomendação e um quadro de balanço energético, caracterizando um balanço nitrogenado negativo (TIRAPEGUI, 2005).

Em termos de treinamento, sabe-se que atletas apresentam-se, na maior parte das vezes, subnutridos em relação à ingestão de carboidratos, fato que compromete o rendimento nos treinamentos em decorrência da não reposição dos estoques de glicogênio e conseqüente queda no desempenho (intensidade do exercício) (LANCHA JÚNIOR, 2004). Entre as conseqüências do insuficiente consumo glicídico está à redução nos estoques de glicogênio, o que prejudicará a capacidade de trabalho, levando-os à fadiga. Petibois et al (2003) adicionam ao aporte inadequado de carboidratos o overtraining com enorme degradação muscular.

Diante disto, vale ressaltar a importância do planejamento alimentar quando se busca resultados satisfatórios na musculação. O profissional capacitado para elaboração de uma dieta individualizada para cada tipo de atleta é o nutricionista esportivo. Nenhum objetivo será alcançado com dietas de gavetas prontas e pré-elaboradas, muito menos dietas para população normal aplicada para praticantes de exercício de força.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACSM - American College of Spor ts Medicine. Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults. Med Sci Sports Exerc, v. 34, n. 2, p. 364-380, 2002.

BIRD, S.P.; TARPENNING, M.; MARINO, F. E. Designing resistance training programmes to enhance muscular fitness. Sport Medicine, v. 35, p. 841-851, 2005.
BOHE, J.; LOW, A.; WOLFE, R. R.; RENNIE, M. J. Human muscle protein synthesis is modulated by extracellular, not intramuscular amino acid availability: a dose-response study. Journal of Physiology, v. 552, p. 315-324, 2005.LANCHA JUNIOR, A. H. Nutrição e metabolismo aplicados à atividade motora. São Paulo: Atheneu, 2004.

PETIBOIS, C.; CAZORLA, G.; POORTMANS, J. R.; DELERIS, G. Biochemical aspects of overtraining in endurance sports: the metabolism alteration process syndrome. Sports Medicine, v. 33, n. 2, p. 83-94, 2003.

PHILLIPS, S. M. Protein requeriments and supplementation in strength sports. Nutrition, v. 20, n. 7/8, p. 689-695, 2004.

SILVA, P. R. P., TRINDADE, R. S.; DE ROSE, E. H. Composição corporal, somatotipo e proporcionalidade de culturistas de elite do Brasil. Revista Brasileira de Medicina no Esporte, v. 9, n. 6, p. 403-407, 2003.

TIRAPEGUI, J. Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. São Paulo: Atheneu, 2005.

TRIPTON, K. D.; WOLFE, R. R. Protein and amino acid for athletes. Journal of Sports Science, v. 22, p. 65, 2004.


Por Osvaldo do Rosário Neto

Mestrando em Farmácia (Produtos Naturais)
Especialista em Fitoterapia
Especialista em Nutrição Esportiva
Nutricionista da equipe de treinamento do professor Waldemar Guimarães
E-mail: osvaldo_rosarioneto@hotmail.com

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