Exercícios intensos acarretam em aumentos na produção de lactato, que é um indicador de acidose muscular. Este aumento pode ser benéfico ou maléfico, dependendo da situação e modalidade esportiva praticada.
Nessa segunda parte do artigo sobre acidose muscular, iremos discorrer sobre os principais benefícios e malefícios que o substrato lactato pode trazer para a performance esportiva.
INTRODUÇÃO
Exercícios intensos acarretam em aumentos na produção de lactato, que é um indicador de acidose muscular. Este aumento pode ser benéfico ou maléfico, dependendo da situação e modalidade esportiva praticada.
O lactato está diretamente relacionado com a produção de hormônios anabólicos como a testosterona e o Hormônio do Crescimento (GH). Estes hormônios estão relacionados com o aumento de massa muscular e performance (aumento da força e potência muscular). Neste sentido, qualquer estratégia que maximize o aumento na produção desses hormônios durante o período de treinamento é muito bem vinda.
Estudos têm relacionado o aumento na produção de lactato com o aumento na produção de Testosterona e GH. Intervalos curtos de recuperação promovem aumentos na produção de lactato e outros metabólitos, provocando aumentos também no GH e na Testosterona. O aumento na intensidade do exercício também é correlacionado com o aumento no lactato e na produção hormonal. Porém, o aumento do lactato pode acarretar em aumento do hormônio cortisol, que é um hormônio catabólico (atua na via de degradação de proteínas). Todavia, o aumento desse hormônio catabólico parece estar mais associado com o tempo de realização da sessão de exercício do que unicamente com a produção de lactato. O mais recomendado é que a sessão de exercício não seja muito longa (no máximo 45 minutos) para que não ocorra a produção desse hormônio não seja exarcebada.
O lactato também pode ser um fator determinante (e limitante) na prática esportiva. Em situações de repouso ou exercícios de baixa intensidade, nosso organismo produz lactato, porém sua remoção é maior do que a produção. Todavia, com o aumento da intensidade do exercício ou com o aumento de situações de stress (como antes de uma luta ou partida), aumenta também o ritmo da glicólise, aumentando também a conversão de piruvato em lactato. Uma alta produção de lactato corrobora com um quadro de acidose muscular (diminuição do pH). Esta acidose pode causar efeitos adversos como fadiga muscular localizada, desatenção, cansaço, entre outros fatores.
Em um estudo realizado com 7 atletas de jiu-jitsu, os valores basais de lactato subiram de 2,2 mMol antes da luta para 11,8 mMol após 12 minutos de luta. Em atletas de luta olímpica estilo Greco-Romana os valores de lactato subiram de 2,2 mMol pré-luta para 19,0 5 minutos após o término da luta. Esses resultados demonstram a importância e a magnitude do aumento da produção de lactato durante uma atividade esportiva intensa. Entender o real significado do aumento desse metabólico, e principalmente saber trabalhar para que este aumento seja menor ou que o atleta seja mais “tolerante” a acidose parece ser um dos fatores determinantes para o sucesso esportivo.
Na próxima matéria iremos discorrer sobre possíveis mecanismos para se diminuir a acidose muscular.
Por Prof. Mestrando Gustavo BarquilhaGustavo Barquilha JoelPor Gustavo Barquilha Joel
Membro do Instituto de ciências da Atividade Física e Esportes (ICAFE) – Universidade Cruzeiro do Sul
Pesquisador do Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Físico e Fisiologia Aplicada (GEPEFFA) – Unifieo
Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Preparador Físico/Fisiologista de Atletas de Alto Rendimento
E-mail: gustavo_barquilha@hotmail.com.br
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