Dor muscular tardia

Cientistas do Instituto de Biologia da Unicamp, fizeram um estudo com o objetivo de desmistificar, para alunos de graduação que cursam a disciplina Bioquímica do Exercício Físico, a ação do lactato nos eventos da dor muscular tardia (DMT) induzida pelo exercício físico. Para tanto, eles realizaram um exercício de corrida exaustiva (3 corridas intensivas de 250 metros, em pista oficial de 400 metros, com intervalos de recuperação ativa de 150 metros de caminhada). Participaram do exercício 5 alunos (3 homens e 2 mulheres) com idade média de 21 anos. A tentativa foi desenvolver uma atividade não habitual e exaustiva, a fim de elevar a concentração de lactato sangüínea e induzir um nível de desconforto muscular. Foram coletados 3 mL de sangue antes do esforço físico (valor controle , CO), imediatamente após a atividade (T0h), duas horas após (T2h) e quatro horas após a realização da corrida (T4h), para se obter, assim, as dosagens de lactato (em sangue total) e de creatina quinase¹ (CK, no plasma).

Houve um aumento significativo dos níveis de lactato no sangue imediatamente após a realização do exercício exaustivo, porém após o tempo T2h e T4h os valores encontraram-se nos níveis detectados para o grupo controle (CO), revelando uma estratégia de remoção deste metabólito. Pôde-se observar também que houve um comportamento idêntico quanto ao aumento de concentração de CK plasmática em todos os indivíduos, após 4 horas da realização do exercício exaustivo, com aumento significativo em T4h em comparação ao grupo controle. A concentração plasmática de lactato volta aos níveis pré-exercício 2h após a realização do exercício intenso e muito antes da instalação dos primeiros sintomas da dor muscular tardia. Conclui-se que a elevação das dosagens plasmáticas de CK após o exercício exaustivo pode ser em decorrência de um aumento de permeabilidade ou perturbação mais efetiva do sarcolema (membrana plasmática das fibras musculares), constituindo um primeiro evento participativo no desencadeamento da DMT.

1. Creatina quinase: Transferase que catalisa a reação de ATP + creatina para dar ADP + fosfocreatina. É ativada por Mg(2+). A reação armazena a energia do ATP como fosfocreatina no músculo e no tecido cerebral, e mantém constante a concentração muscular de ATP durante o início do exercício.


Referências
NETO, J. M. F. A., MELO, P., FILHO, J. P. A., et al. Desmistificando a Ação do Lactato nos Eventos de Dor Muscular Tardia Induzida pelo Exercício Físico: Proposta de uma Aula Prática Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia MolecularBiblioteca Digital de Ciências, Artigo 1, Edição 02/2006, 18 mar. 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2009.

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